segunda-feira, 7 de julho de 2008

Primeira mesa

A primeira mesa do Encontro Latino Americano e Caribenho (ELAC) foi formada por Dirceu Travesso (Conlutas - Brasil), Didie Dominique (Batay Ouvriere – Haiti), Julio Lopez (MeCoSi – Paraguai), René Condor (COB – Bolívia), Mario Michelena (TCC – Uruguai), e Orlando Chirrino (C-CURA, Venezuela).

Em nome da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) falou Dirceu Travesso. Para ele, estão no encontro os que sabem não haver alternativa para derrubar o capitalismo e o imperialismo sem a construção da unidade internacional. “O que há de vivo de luta na América latina se expressa nesse encontro”, disse.

“Saímos do I Congresso da Conlutas que foi vitorioso, mas a Conlutas pode crescer muito mais, desde que construamos a solidariedade entre os povos”. Ele concluiu dizendo que a intenção do Elac não é fundar uma entidade internacional, mas caminhar neste sentido: “somos modestos, mas pretensiosos”.

Representado por Didie Dominique, a segunda entidade a se pronunciar foi o Batay Ouvriere (Batalha Operária) do Haiti. Para ele o Elac é fundamental, quando se sabe que o ataque das classes dominantes não é somente econômico, mas, também militar. “O Haiti é um exemplo único na América Latina”, disse. Didie afirmou que precisamos esclarecer à população o verdadeiro caráter de alguns governos que parecem progressistas. Ele disse ainda, que está muito orgulhoso da iniciativa do Elac e acredita que ele deve ser um pólo de resistência, de luta e de ação em comum: “Deveremos sair daqui com uma plataforma de luta”. Em sua conclusão, Didie afirmou que além da independência a qualquer governo “a projeção que precisamos dar a nós mesmos é a luta final, que este encontro leve a sua própria superação”.

A entidade paraguaia, Mesa Coordenadora Sindical (MeCoSi), foi representada por Julio Lopéz. Ele disse se sentir muito orgulhoso de estar no encontro, pois a América Latina está sofrendo um assédio constante com as políticas neoliberais. Segundo Lopéz, no Paraguai, o neoliberalismo está impondo o agronegócio, a monocultura e um modo de produção que favorece os grandes agricultores. Isso gera um outro problema, ressaltado pelo companheiro: “milhares de paraguaios abandonaram suas terras e os agrotóxicos estão destruindo a natureza”. Ele lembrou, por fim, a importância da independência de classe, afirmando que “sem ela não há saída para os trabalhadores”.

O representante dos sindicatos mineiros de Huanuni (filiado à COB), na Bolívia, René Condor abriu sua fala com uma saudação revolucionária em nome de todos os trabalhadores daquele país. Ele lembrou que, recentemente, em muitos países na América Latina foram eleitos governos populistas porque não existe uma direção revolucionária. “As eleições são uma farsa a serviço dos poderosos”. Para ele, os povos devem se unificar contra o neoliberalismo, com uma política classista e independente.

Em nome a da TCC do Uruguai falou Mario Michelena, que disse estar muito alegre com o encontro. Ele denunciou o que o governo uruguaio está fazendo com o país: “estão vendendo o país às multinacionais, nossos salários estão menores e os ricos pagando menos impostos”. Para Mario, diante desta situação temos que ser melhores lutadores do que já fomos. “Já devíamos ter feito esse encontro há muito tempo, mas precisamos trabalhar com aquilo que nos une e postergar as nossas diferenças”. Depois dele, ainda em nome do TCC, falou Irma Leites, que fora presa e torturada durante o regime militar.



A última entidade a falar na abertura foi a central Venezuelana, C-Cura. Representando-a estava o dirigente que foi demitido da petroleira PDVSA, Orlando Chirrino. Além da alegria manifestada, ele considerou que neste encontro está o melhor da vanguarda latino americana. “Somos poucos, mas somos um dos melhores do mundo e os melhores do continente”. Para ele, a consciência anti-imperialista está crescendo e que pode crescer mais “se estivermos unidos com os trabalhadores e campesinos”. Para ele, o governo Chaves recebeu uma derrota na última consulta popular, pois o povo não queria as reformas que ampliam a propriedade mista e garante ao presidente reeleição irrestrita. Chirino disse que as massas estão dispostas a lutar contra o capital e o imperialismo e concluiu: “espero estar mais feliz amanhã, mas vamos fazer um debate que nos una”.

Logo após, as delegações internacionais tiveram cinco minutos para dar a sua saudação. A primeira a falar foi a Argentina, representada por Jorge Mendes. Seguido pelo representante da Costa Rica.

Uma das declarações mais emocionantes foi feita pelo norte-americano Clarence Tomas, representante sindical dos portuários de São Francisco. Ele iniciou sua fala dizendo que nada tem a ver com a política de George Bush e lembrou que no 1º de maio deste ano, os estivadores paralisaram seus trabalhos contra a guerra do Afeganistão e Iraque. Lembrou ainda de uma manifestação semelhante em 2004, onde as palavras de ordem eram: sem paz não há trabalho. Ele entregou ao representante da Conlutas um boné, uma camiseta e um cartaz desta campanha.

Depois das delegações do México, Espanha, Peru, El Salvador, Suécia, Irlanda, Chile, Equador e Rússia a última delegação a falar foi a Colombiana. A companheira Rosa Cecília falou sobre as mortes e assassinatos que acontecem naquele país. “Aqui estão os companheiros do movimento de vítimas de 6 de março trago notícias de mobilização contra o governo assassino, eles não puderam vir, mas mandaram mensagens”. Ela disse que a burguesia colombiana é sanguinária. “Desde 1982 deixou mais de 15 mil mortos: dirigentes sindicais e campesinos, qualquer um que levante a voz corre o risco de morrer”. Rosa também denunciou as empresas transnacionais, como a Coca-Cola e a Nestlé que junto com o governo mandaram matar dirigentes sindicais. A companheira concluiu dizendo que existem muitos encontros internacionais, mas poucos encontros internacionalistas. “Este encontro é realmente internacionalista, somos realmente capazes de trazer a alternativa aos trabalhadores... por isso defendemos morte ao capitalismo”.

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