segunda-feira, 14 de julho de 2008

Próximos passos



Foram apontadas campanhas e iniciativas comuns e tarefas de organização, como a construção de um novo encontro entre o final de 2009 e início de 2010, e uma reunião das entidades até o início de 2009. As entidades também deverão atuar de forma unificada na construção dos atos de 1º de maio de 2009 e farão uma semana de luta antiimperialista em outubro deste ano, entre os dias 13 e 17.

Tanto esta semana de lutas quanto as campanhas e atividades se concentrarão em torno dos seis principais eixos aprovados: a luta contra a criminalização dos movimentos sociais e em defesa do direito de organização (tendo como centro o que ocorre na Colômbia, com perseguição e assassinatos de lideranças); a luta contra os planos de militarização imperialistas (tendo como principal expressão disso a luta pela desocupação do Haiti); a luta contra o imperialismo e pelo não pagamento da dívida pública; contra as reformas neoliberais e suas conseqüências; a luta pelos recursos naturais e energia; e, por último, a luta contra os impactos da crise alimentar no mundo. Os dois primeiros eixos principais serão o centro das campanhas e da semana de luta.

A partir de agora, as entidades do Elac passam a ser entidades aderentes. Outras adesões poderão ocorrer, com os critérios de ter acordo com o manifesto do encontro e de impulsionarem estas iniciativas de mobilização.

Elac termina com chamado a campanhas internacionais





Entidades farão semana de lutas em outubro, contra a criminalização dos movimentos sociais e a o avanço militar do imperialismo, como no Haiti

Direto do Elac, Betim (MG)

Dez grupos temáticos se reuniram no segundo dia da realização do Elac. Cada grupo discutiu a realidade de seus ramos de atividades, aprovou propostas de campanhas unitárias e apresentou temas que deveriam ser incorporados às resoluções do manifesto geral.

Os grupos apresentaram resoluções sobre os seguintes temas: recursos naturais, juventude, educação, serviços públicos, mulheres, direitos humanos e negros, trabalhadores industriais, transportes, trabalhadores do campo, e trabalhadores do setor privado.

Um grupo, de especial importância, foi o de direitos humanos, por estar relacionado às diversas campanhas que ocorrem nos países contra a criminalização dos movimentos sociais. “Nós, os oprimidos, temos direito à rebelião, temos direito de fazer piquete, enfrentar os fura-greves, temos direito à autodefesa. E temos direito de não sermos criminalizados por isso”, afirmou Américo Gomes, diretor do Sindicato dos Advogados de São Paulo, que apresentou o informe do grupo.

Todos os grupos tinham em comum resoluções que apontavam para a unificação de campanhas e lutas dos setores entre os países, como a troca constante de informações através de redes e sites. Todos os manifestos e resoluções aprovados serão complementados e enviados para as organizações participantes nos próximos dias.

Após a apresentação dos trabalhos dos grupos, encaminhou-se a finalização do manifesto geral do Elac. Neste último dia, uma nova versão com todas as alterações e adendos já incorporados foi distribuída. Abriu-se o debate e uma versão final foi aclamada pelos presentes. Além de apontar a análise de conjuntura internacional e as principais bandeiras internacionais antiimperialistas, o manifesto tem como ponto principal o fato de apontar a construção de um espaço comum de debates, que dará continuidade ao que foi debatido nesses dois dias.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Encerramento do ELAC




Na parte da tarde foram apresentados os relatórios de cada um dos grupos, que serão socializados após sistematização para todos os que participaram do ELAC.

Os representantes das entidades organizadoras fizeram o encerramento do encontro ressaltando a importância da iniciativa e apontado como desafio a aplicação das tarefas que foram aprovadas.

A Internacional, ao final, reafirmou a necessidade da luta internacionalista e a disposição dos presentes de encaminhá-la. Como disse Dirceu Travesso, da Conlutas, “Aqui estamos comemorando os 150 anos do Manifesto Comunista, ou seja, essa reunião não é uma novidade, na verdade, é uma necessidade dos trabalhadores na luta pelo socialismo”.

Ainda esta semana publicaremos entrevistas, o manifesto aprovado e outros detalhes
As entidades que convocaram o Encontro foi a COB – Central Operária Boliviana; CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas do Brasil; BO - Batay Ouvriye do Haiti; TCC - Tendência Classista e Combativa do Uruguai; CCURA - Corrente, Classista, Unitária, Revolucionária e Autônoma - da Venezuela e MeCosi - Mesa Coordenadora Sindical do Paraguai.

Grupos de trabalho se reuniram até o meio-dia



Os grupos de trabalho acabaram suas reuniões. A partir da exposição da realidade de cada categoria nos diferentes países, foi montado um panorama desta realidade em toda América – Latina, para depois debaterem ações conjuntas.

Ao acompanhar os grupos, percebeu-se que o lema do Elac: Muitas vozes uma só luta, está correto. Em cada país, do Uruguai à Costa Rica, os ataques ao povo trabalhador, seja juventude, camponeses, operários, servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada, são os mesmos.

Da mesma forma, a degradação do meio ambiente e a destruição dos recursos naturais foram sendo bastante debatidas. Um aspecto interessante é que, mesmo divididos entre grupos, os mesmos temas acabam aparecendo diferentes lugares. Por exemplo, se discute a degradação do campo nos grupos de recursos naturais, de movimentos populares e direitos humanos.

Os grupos acabaram um pouco depois do meio-dia.

Trabalhos da manhã

A manhã de hoje começou com os participantes se reunindo em grupos. Ao todo são dez grupos: recursos naturais, educação, funcionalismo público, setor industrial, juventude, negros, serviços privados e bancários, transporte, direitos humanos, mulheres (após a reunião dos grupos).

Durante a reunião procurarão identificar o que há de comum e as especificidades de cada país, além buscar iniciativas de solidariedade que permitam a unidade na lutas dos trabalhadores da América Latina, no Caribe e no mundo.

Painel sobre situação da América Latina

Valério Arcary (Brasil)

Professor do Cefet de São Paulo, Valério Arcary, iniciou sua palestra dizendo que o I Congresso da Conlutas teve um impacto sobre as trajetórias de cada um dos ativistas. “Essa reorganização pode melhorar qualitativamente a luta de classes no país”, disse.

Ele lembrou das grandes mobilizações dos últimos 30 anos, como as que iniciaram a derrubada da ditadura, depois o Fora Collor e as no final dos anos 1990. “Agora, pela 1ª vez, abriu se a oportunidade de uma dimensão histórica, desde 1968, pois naquele tempo, os núcleos revolucionários eram menores”, afirmou.

Para Valério, os tempos mudaram, pois ativistas estão rompendo com seus dirigentes: “isso não acontece todos os dias, isso permite mudanças políticas”. Arcary diz que as greves e manifestações deixam lembranças nas cabeças dos trabalhadores, e nesse espaço é onde novas direções podem ser forjadas.

Ele lembrou também que há uma crise econômica, no mundo e a lição da história é que nessas crises o sistema fica mais vulnerável, mas a burguesia tentará fazer com que os trabalhadores paguem as contas. “Essa será a hora de se medir forças”, afirmou.

Arcary abordou, por fim, que a construção de uma oposição de esquerda é central para um drama histórico que pode se repetir, pois com o enfrentamento que se avizinha a disputa pelo poder pode estar colocada na ordem do dia. E os militantes revolucionários correm os riscos de dois erros: o sectarismo e o oportunismo. O último, em sua opinião, exerce muito mais pressão sobre todos os ativistas.

Depois de falar sobre a situação na Venezuela, onde, para ele, não há independência em relação ao imperialismo e nem à burguesia, Arcary concluiu dizendo que se construir uma organização de esquerda não é fácil, “mas esse deve ser o nosso objetivo”.

Painel sobre situação da América Latina

Miguel Sorans (Argentina)

Militante socialista há muitos anos, Miguel Sorans começou dizendo que se vive, na América - Latina, uma série de lutas contra os EUA. Para ele, essa situação começou em dezembro de 2001, na Argentina, nas manifestações que ficaram conhecidas como ‘Argentinazo’. Contudo, segundo Sorans, em outros países houve processos semelhantes como na Bolívia e Equador.

Ele considera que a tentativa de golpe contra o governo de Hugo Chaves na Venezuela é importante e que, naquela ocasião, o imperialismo foi derrotado pelas massas venezuelanas: “Isso criou um período de re-nacionalização, ainda que elas sejam parciais e sejam feitas por um nacionalismo burguês”, afirmou.

Para o militante, a não implementação da Área de Livre Comércio na América Latina (ALCA) em todo o continente mostra que o imperialismo está na defensiva, no entanto, também houve vitórias como os TLC´s e as vitórias na Colômbia.

Além dos ascensos revolucionários, o palestrante considera a revolução anti-burocrática um outro fenômeno político importante. Ele comentou que a eleição de governos ‘frente populares’ é resultado da mobilização das massas, que foram para a ‘esquerda’. Isso acontece “pois as massas ainda não têm uma direção revolucionária”, afirmou.

Segundo Sorans, existem diferenças entre Lula e Tabaré Vazques (Uruguai), e também entre Hugo Chavez e Evo Morales. “Não estamos de acordo com Morales, não acreditamos no fascismo da Meia Lua, precisamos apoiar as mobilizações para exigir de Evo que se avance na expropriação”, disse.

Ele afirmou ainda que as expropriações não são novas na história da América Latina, e que a grande maioria delas as empresas foram indenizadas. “Nossa palavra central na Venezuela deve ser a estatização completa, sem indenização e com 100% de controle operário”.

Sorans concluiu afirmando que se deve seguir com o tema que une esse encontro (ELAC). Para ele, as manifestações e as lutas irão fazer surgir uma nova direção: “essa é a chance de mudança do futuro para que não percamos a oportunidade”.

Painel sobre situação da América Latina

Didier Dominique (Haiti)

Didier Dominique é um dos dirigentes do Batay Ouvriye e iniciou seus 20 minutos de palestra contando um pouco sobre a história da ilha caribenha e o que acontece por lá.

“Precisamos entender que depois da segunda guerra, a indústria têxtil não conseguiu se mecanizar, fabricante de roupas, tênis e de bolas esportivas - de futebol, vôlei e beisebol - conhecida com a indústria da agulha”, disse.

Segundo Didier, a não modernização dessa indústria a manteve em constante deslocamento para que pudesse obter lucros onde a mão-de-obra fosse mais barata. “Primeiro foi para o México, depois para a América Central, Caribe, África e China”.

Esta iniciativa estava presente num documento elaborado em 1970 por uma equipe de Ronald Reagan (então presidente americano). O documento indicava que o Caribe devia se transformar numa plataforma de produção barata. A partir daí, de acordo com Didier, houve uma grande desestrutura do mundo rural: “antes o Haiti exportava açúcar e agora o importa, as indústrias compraram as fábricas para fechá-las, com o arroz foi a mesma coisa”.

Para entender porque aconteceu isso no Haiti, Didier diz que é preciso ver que o colonialismo extremo chegou à ilha 200 anos depois das colônias normais. “Por isso a revolução dos escravos foi a única vitoriosa no mundo. “O povo armado expulsou 160 mil homens de Napoleão”, disse.

Os países que pegaram armas, dinheiro e homens do Haiti aceitaram o embargo proposto pelos EUA. Depois disso, a França cobrou uma dívida de mais de 60% de toda a produção da ilha por ano. “Vivemos muitos golpes de estado. Em 1915, por exemplo, os americanos vieram e ficaram por 19 anos”, afirmou.

O dirigente ainda lembrou das dificuldades das táticas sindicais no país, pois elas devem ser clandestinas. “Isso nos deixa numa miséria obrigatória, a miséria é parte dessa lógica, pois parece que a zona franca é uma ajuda”, enfatizou.

Para Didier, a intervenção militar representa os interesses dos capitalistas naquela região: “O filho do vice-presidente brasileiro vai negociar como explorar a mão-de-obra haitiana que é a mais barata da América Latina”.

Apesar de tudo, Didier afirma que diante de tanta miséria as massas se levantam rapidamente e é por isso existe a intervenção militar. “Até as manifestações estão sendo proibidas”, concluiu.

Painel sobre situação da América Latina

Ahmed Shawki - EUA

Ahmed Shawki começou a sua palestra falando sobre os turistas preferem que visitar o Brasil no calor e em Betim está um pouco frio, mas que está com muito calor interno desde o I Congresso da Conlutas.

Segundo Ahmed é preciso resgatar a história do movimento operário americano, como o 1º de maio, o 8 de março e as mobilizações de 1968. Mas também lembrou que todas as mudanças no mundo do trabalho começaram nos EUA. “A idéia de que não existe movimento operário nos EUA é uma mentira”, afirmou.

O militante americano, a expansão da economia nos Estados Unidos desde 1990 foi baseada na exploração da classe operária em todo mundo, e foi possível devido ao poder militar do país.

Segundo Ahmed a recessão, que já tem efeitos no mundo todo, vai aumentar nos próximos meses. “Ela está muito ligada com o preço do petróleo, isso está mudando a economia doméstica do EUA, o preço do milho triplicou nos últimos meses, começou nos EUA e se espalhou pelo mundo”, disse.

Ele comenta que essas mudanças têm repercussão importante sobre a luta de classes: “nos EUA as greves estão a acontecendo em todo canto do país, mas querem aumentos salariais de mais de 100%, eles estão entrando e ganhando. É o nascimento de novo mundo”.

Ele abordou as próximas eleições norte-americanas, resgatando o que disse o palestrante suíço Charles Dry, em painel no congresso da Conlutas. “Devia existir uma Conlutas na China, na África e nos EUA”. Segundo Ahmed, as ilusões em Obama produzirão na nossa classe situações interessantes. Uma conjuntura que pode ir da direita para esquerda. “Ou seja, aqueles que confiam em Obama estarão nas lutas até 2011, isto está claro para todos”. Mas Ahmed acredita que não será um processo fácil, mas vale a pena apostar neste processo. Por isso também a importância da solidariedade internacional dos trabalhadores.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Painel Situação Política da América-Latina

Por volta das 21 horas os trabalhos foram retomados com um painel sobre a situação política na América-Latina. São quatro os palestrantes: Ahmed Shawki (EUA), Didier Dominique (Haiti), Miguel Sorans (Argentina) e Valério Arcary (Brasil).

Ahmed resgatou a importância das lutas dos trabalhadores norte-americanos nos séculos anteriores e ressaltou o período de retrocesso das lutas nos últimos 30 anos, para dizer que a eleição de Barak Obama está trazendo uma ilusão que, quando dissipada, pode se transformar em lutas.

Didie explicou como a entrada de produtos estrangeiros (açúcar, café, arroz e outros) destruiram a economia agrícola haitiana, provocando desemprego, miséria e migração descontrolada no país.

Às 22h30 o painel ainda continuava faltando a apresentação de dois palestrantes.

Final dos trabalhos da tarde

Por volta das 19h30 encerraram-se os trabalhos da tarde, quando os participantes interromperam o plenário para o jantar. Após o jantar as atividades são retomadas com painel sobre a situação da América Latina

Primeira mesa

A primeira mesa do Encontro Latino Americano e Caribenho (ELAC) foi formada por Dirceu Travesso (Conlutas - Brasil), Didie Dominique (Batay Ouvriere – Haiti), Julio Lopez (MeCoSi – Paraguai), René Condor (COB – Bolívia), Mario Michelena (TCC – Uruguai), e Orlando Chirrino (C-CURA, Venezuela).

Em nome da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) falou Dirceu Travesso. Para ele, estão no encontro os que sabem não haver alternativa para derrubar o capitalismo e o imperialismo sem a construção da unidade internacional. “O que há de vivo de luta na América latina se expressa nesse encontro”, disse.

“Saímos do I Congresso da Conlutas que foi vitorioso, mas a Conlutas pode crescer muito mais, desde que construamos a solidariedade entre os povos”. Ele concluiu dizendo que a intenção do Elac não é fundar uma entidade internacional, mas caminhar neste sentido: “somos modestos, mas pretensiosos”.

Representado por Didie Dominique, a segunda entidade a se pronunciar foi o Batay Ouvriere (Batalha Operária) do Haiti. Para ele o Elac é fundamental, quando se sabe que o ataque das classes dominantes não é somente econômico, mas, também militar. “O Haiti é um exemplo único na América Latina”, disse. Didie afirmou que precisamos esclarecer à população o verdadeiro caráter de alguns governos que parecem progressistas. Ele disse ainda, que está muito orgulhoso da iniciativa do Elac e acredita que ele deve ser um pólo de resistência, de luta e de ação em comum: “Deveremos sair daqui com uma plataforma de luta”. Em sua conclusão, Didie afirmou que além da independência a qualquer governo “a projeção que precisamos dar a nós mesmos é a luta final, que este encontro leve a sua própria superação”.

A entidade paraguaia, Mesa Coordenadora Sindical (MeCoSi), foi representada por Julio Lopéz. Ele disse se sentir muito orgulhoso de estar no encontro, pois a América Latina está sofrendo um assédio constante com as políticas neoliberais. Segundo Lopéz, no Paraguai, o neoliberalismo está impondo o agronegócio, a monocultura e um modo de produção que favorece os grandes agricultores. Isso gera um outro problema, ressaltado pelo companheiro: “milhares de paraguaios abandonaram suas terras e os agrotóxicos estão destruindo a natureza”. Ele lembrou, por fim, a importância da independência de classe, afirmando que “sem ela não há saída para os trabalhadores”.

O representante dos sindicatos mineiros de Huanuni (filiado à COB), na Bolívia, René Condor abriu sua fala com uma saudação revolucionária em nome de todos os trabalhadores daquele país. Ele lembrou que, recentemente, em muitos países na América Latina foram eleitos governos populistas porque não existe uma direção revolucionária. “As eleições são uma farsa a serviço dos poderosos”. Para ele, os povos devem se unificar contra o neoliberalismo, com uma política classista e independente.

Em nome a da TCC do Uruguai falou Mario Michelena, que disse estar muito alegre com o encontro. Ele denunciou o que o governo uruguaio está fazendo com o país: “estão vendendo o país às multinacionais, nossos salários estão menores e os ricos pagando menos impostos”. Para Mario, diante desta situação temos que ser melhores lutadores do que já fomos. “Já devíamos ter feito esse encontro há muito tempo, mas precisamos trabalhar com aquilo que nos une e postergar as nossas diferenças”. Depois dele, ainda em nome do TCC, falou Irma Leites, que fora presa e torturada durante o regime militar.



A última entidade a falar na abertura foi a central Venezuelana, C-Cura. Representando-a estava o dirigente que foi demitido da petroleira PDVSA, Orlando Chirrino. Além da alegria manifestada, ele considerou que neste encontro está o melhor da vanguarda latino americana. “Somos poucos, mas somos um dos melhores do mundo e os melhores do continente”. Para ele, a consciência anti-imperialista está crescendo e que pode crescer mais “se estivermos unidos com os trabalhadores e campesinos”. Para ele, o governo Chaves recebeu uma derrota na última consulta popular, pois o povo não queria as reformas que ampliam a propriedade mista e garante ao presidente reeleição irrestrita. Chirino disse que as massas estão dispostas a lutar contra o capital e o imperialismo e concluiu: “espero estar mais feliz amanhã, mas vamos fazer um debate que nos una”.

Logo após, as delegações internacionais tiveram cinco minutos para dar a sua saudação. A primeira a falar foi a Argentina, representada por Jorge Mendes. Seguido pelo representante da Costa Rica.

Uma das declarações mais emocionantes foi feita pelo norte-americano Clarence Tomas, representante sindical dos portuários de São Francisco. Ele iniciou sua fala dizendo que nada tem a ver com a política de George Bush e lembrou que no 1º de maio deste ano, os estivadores paralisaram seus trabalhos contra a guerra do Afeganistão e Iraque. Lembrou ainda de uma manifestação semelhante em 2004, onde as palavras de ordem eram: sem paz não há trabalho. Ele entregou ao representante da Conlutas um boné, uma camiseta e um cartaz desta campanha.

Depois das delegações do México, Espanha, Peru, El Salvador, Suécia, Irlanda, Chile, Equador e Rússia a última delegação a falar foi a Colombiana. A companheira Rosa Cecília falou sobre as mortes e assassinatos que acontecem naquele país. “Aqui estão os companheiros do movimento de vítimas de 6 de março trago notícias de mobilização contra o governo assassino, eles não puderam vir, mas mandaram mensagens”. Ela disse que a burguesia colombiana é sanguinária. “Desde 1982 deixou mais de 15 mil mortos: dirigentes sindicais e campesinos, qualquer um que levante a voz corre o risco de morrer”. Rosa também denunciou as empresas transnacionais, como a Coca-Cola e a Nestlé que junto com o governo mandaram matar dirigentes sindicais. A companheira concluiu dizendo que existem muitos encontros internacionais, mas poucos encontros internacionalistas. “Este encontro é realmente internacionalista, somos realmente capazes de trazer a alternativa aos trabalhadores... por isso defendemos morte ao capitalismo”.

Encuentro Latinoamericano y Caribeño de Trabajadores



Começou esta manhã, por volta das 10h. Há representação de 21 países numa delegação com 150 estrangeiros. Temos ainda 150 brasileiros representando diversas entidades e movimentos no encontro.

Todas as delegações presentes foram anunciadas para que se apresentassem: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, Brasil, Estados Unidos, Suécia, Portugal, Rússia, Irlanda, África do Sul, Espanha. A do Haiti foi especialmente aplaudida, uma manifestação de respeito e solidariedade diante da ocupação que vem sofrendo o país pelas tropas brasileiras.

A Internacional Socialista, cantada em diversos idiomas emocionou os presentes.

Após as apresentações das delegações, os representantes de cada país tiveram cinco minutos para apresentar uma breve explanação sobre seus países.